domingo, maio 08, 2005

 

Fica aí o exemplo

Daniel Alberto Passarella sem dúvida não é o maior técnico do mundo. Mas, mesmo após a humilhação de domingo à tarde frente ao São Paulo, no Pacaembu, El Kaiser ainda demonstrava interesse em permanecer à frente do Corinthians, dando exemplo de persistência principalmente aos técnicos brasileiros, que tanto o fustigam apenas por ser argentino, e que, em situação parecida, pegariam seus bonés e pediriam demissão rapidinho. Coisas de quem realmente possui, como ele mesmo gosta de dizer, 'ganas'.

O goleiro Fábio Costa foi afastado em parte por problemas técnicos, mas principalmente por seu ego monumental e por sua arrogãncia extrema estarem afetando o ambiente do Corinthians. A prepotência do cara era tanta que, ao que parece, o impedia de assumir os próprios erros, e, ao dar entrevistas, fazia uso de uma verdadeira metralhadora verbal, onde fazia uso de grosserias diversas e não poupava ninguém no intuito de tirar o seu próprio da reta. Tanta falta de humildade fez contraste com o rosto de seu substituto embaixo das traves mosqueteiras, o novato Thiago, após a goleada sofrida ante o São Paulo. Abatido e chateado, mesmo após algumas impressionantes defesas feitas durante a partida, o arqueiro demonstrou ao menos ter sentimentos e sangue correndo em suas veias, coisa que o homem de gelo Fábio Costa, do alto do pedestal que criou para si mesmo, nunca se dignou a demosntrar.

domingo, maio 01, 2005

 

Sobre mães e heróis

Sobre os filmes de Zhang Yimou em cartaz atualmente nos cinemas... ambos podem ser considerados um espetáculo a serviço de seu diretor, e não o diretor a serviço do espetáculo. E se dão mal porque todo esse egocentrismo de Yimou, esse seu desejo de redefinição da arte, é apenas desejo; na prática ele não possui talento para tanto. "O Clã das Adagas Voadoras" se sai melhor, apesar de irregular. E, mesmo que os momentos de mair vigor sejam esparsos, "O Clã..." tenta fazer uso das cores e do apuro visual a serviço, e em maior integração, com a história que acompanha. Não consegue, mas ganha alguns pontos justamente pela tentativa. "Herói", por sua vez, quer ser tão sobre-humano que não possui alma. E, de tão morto, decepciona mesmo em seu suposto virtuosismo estético. Parece um presente de magnífica embalagem, mas oco. Assim, vazio, até seu belo invólcruo perde o sentido.

Interessante como a ordem dos fatores às vezes altera, sim, o produto. Deve ser coisa de uma primeira (e talvez apressada) análise, mas achei "Tudo Sobre Minha Mãe" algo superior a "Fale Com Ela", justamente por tê-lo visto depois. São filmes de temáticas semelhantes, mas de estruturas levemente diferentes. Enquanto o primeiro se desenvolve em uma progressão usual, o segundo se permite brincar aleatoreamente com o passado; o roteiro de "Tudo Sobre Minha Mãe" parece ser mais complexo e pé-no-chão que o de "Fale Com Ela", que, por sua vez, pertence àquelas raras categorias de filmes que nos diz muita coisa sem precisar mostrá-las. E ambos apresentam essa característica tão própria dos autores em cinema, que Pedro Almodóvar alcançou com brilhantismo ímpar e que tantos ainda perseguem: falar sempre sobre o mesmo tema, e sempre se renovar. Geniais.

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