segunda-feira, fevereiro 28, 2005

 

Oscar na mira

Especializada em cerimônias modorrentas, a Academia de Artes e Ciências de Hollywood esse ano resolveu tentar uma entrega do Oscar mais dinâmica. Mas tudo pareceu extremamente mal ensaiado. Vimos um festival de barulhos estranhos, premiados perdidos, astros gaguejando suas falas, câmeras mostrando atrizes se levantando nos intervalos, Clive Owen retratado em close enquanto era anunciada sua derrota, a orquestra interrompendo os agradecimentos de Hillary Swank e os produtores de "Menina de Ouro"... tudo parecia um verdadeiro show de pastelão. E que não impediu a festa de, mais uma vez, ser longa e deveras maçante.

E, se por um lado o prêmio fez justiça a Clint Eastwood, premiando uma obra magnífica como "Menina de Ouro" e um cineasta em seu auge indiscutível, também fez justiça a Martin Scorsese. Se "O Aviador" não faz feio na filmografia desse genial novaiorquino, também não seria a ideal representação de sua grandiloqüente carreira. E se obras máximas como "Touro Indomável", "Taxi Driver" e "os Bons Companheiros" já foram esnobadas em algum lugar do passado, que diferença o prêmio faria agora? Ave Scorsese.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

 

A moral em questão

A cada dia que passa, vemos o futebol perder sua alma e adentrar em um mar de lama devido a vários fatores externos a ele, como transações com a Europa e altíssimos salários, e jogadores parecem contagiados por isso. Um dos lances mais emblemáticos dessa fase negra aconteceu nesse fim de semana: o gol que não entrou validado pelo bandeirinha e pelo juiz a favor do Atlético, no Paraná. Mas nem pelo gol: o que mais marcou foi o jogador, que fez um gol que não existiu, comemorando o tento. Ele sabia que a bola não havia entrado, até tinha ficado nervoso por ter desperdiçado lance tão claro, e mesmo assim saiu alegre em direção ao meio de campo, abraçando seus também eufóricos companheiros, numa amoral demonstração de, no mínimo, total falta de espírito esportivo. Não conseguiu nem ser decente o suficiente para admitir ao juiz que a bola não havia entrado; tratou de correr logo para longe dali e perpetrar uma lamentável e constrangedora farsa. Triste.

E se “Pret-a-Porter” pode ser considerado um dos piores filmes de todos os tempos, é devido à impressionante arrogância de Robert Altman. Temos, aqui, um cineasta inegavelmente habilidoso; cercado de um elenco estelar, fazendo um filme que se pretende irônico e mordaz em seu retrato do mundo da moda. Mas tudo desanda quando esse mesmo cineasta resolve agir de forma mais perniciosa e indolente do que aqueles que parece criticar. A asquerosa seqüência do desfile de nus é o ápice de toda a prepotência do diretor, que paira soberano sobre seus personagens e sobre sua história, transformando-se em uma espécie de Deus, impondo aquilo que acredita ser a “verdade” e rindo solto de tudo aquilo que considera medíocre e vazio em seus estereotipados retratados. Assim, Altman transformou sua obra em um verdadeiro tratado de ignorância e de futilidade – nesse caso, a sua própria.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

 

Ego é arte

Injustamente considerado um filme “menor” na extensa e grandiloqüente obra de Woody Allen, “Poucas e Boas” se revelou uma obra-prima digna de figurar entre os melhores trabalhos do diretor. Temos aqui um Sean Penn próximo da perfeição como o genial e genioso violinista Emmet Ray, tão talentoso quanto grosseiro e boêmio; e uma Samantha Morton absolutamente cativante e graciosa como a namorada muda do músico. Temos problemas no filme, sim: Uma Thurman, que aqui representa o alter-ego sempre presente do cineasta, aparece apagada e quebra um pouco o ritmo da película. Um certo clima pastelão e alto-astral da primeira parte é quase que abruptamente substituído pela melancolia de sua segunda parte, ambas um pouco distoantes entre si. Mas nada que comprometa o todo, principalmente porque está atrás das câmeras o verdadeiro dono do espetáculo. Filmando com uma segurança impressionante e com um tesão de dar gosto, Woody Allen diverte e se diverte, fazendo troça de suas próprias manias e egocentrismo. Um programaço!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

 

Poesia pura

Uma pérola poética para vocês.

Eat My Fuck (The Meat Shits)

No rest for your weary cunt
Secretions of your lust
I shoot my cum
I gush
You suck me... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

I bend your will
I must
Fill your ass with my thrust
I cut your flesh and spunk
You lick me... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

Bitch you are my wet dream
Hurting you makes me cream
Close your eyes
I hear you screamI kill you ... eat my fuck
I kill you ... eat my fuck

Defecating corpse on my cock
Spew blood and shit in shock
All women should suck my cock
You are dead ... eat my fuck

Eat my fuck
Get down - you suck
Eat my fuck
Get down - you slut
And eat my fuck

Suck me
Fuck me
Eat my fuck
You will fry
You will die
Eat my fuck

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

 

Orgulhoso pecador

Lars Von Trier não faz filmes para purgar-se de seus pecados: ele quer, a partir deles, pecar cada vez mais. Esqueçam das pueris alegorias políticas anti-americanas e de toda a perfumaria cênica, e assistam a “Dogville” interessados apenas em uma história até certo ponto complexa, personagens ambíguos, ótimo elenco e direção segura. È um gigantesco exercício de egocentrismo sim, e não à toa divide opiniões até hoje. E Von Trier também não é nem de longe o gênio que acredita ser, mas é competente como realizador e mais ainda como polemista. Veremos aonde a carreira desse dinamarquês ira parar.

E "Arizona Nunca Mais" parece, visto hoje em dia, dirigido não por Joel Coen, mas por seu fotógrafo Barry Sonnenfeld. O registro visual do filme, e mesmo sua montagem acelerada, em nada lembra as obras seqüentes dos irmãos, em especial as do fim dos anos 90. Teriam os Coen amadurecido com o passar dos anos ou apenas cederam à época a pressões de mercado para fazerem um filme mais deglutível para as massas?



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