sexta-feira, outubro 29, 2004

 

Coração ególatra

Não é difícil saber o porquê de Alan Parker possuir tantos detratores: ele, geralmente, é a pessoa que mais supervaloriza seu trabalho. Gosta de exagerar no mau caratismo e no mau gosto em suas películas, além de exercitar um cabotinismo totalmente desnecessário. Mas sabe captar boas imagens, e, quando não está embebido pelo próprio ego e convencido da própria genialidade, sabe amarrar com competência suas tramas. "Coração Satânico" talvez seja seu filme mais efetivo, um autêntico labirinto cinematográfico com pretensões a noir, editado de forma veloz e propositalmente confusa, que conta a história de um detetive contratado para procurar um jazzista desaparecido. A impressão mais forte é que, desde o início, Parker estava obcecado em mostrar ao espectador o quão fantástico era o final de sua história, mas, no fim das contas, não é difícil entrar no jogo sombrio proposto pelo cineasta.

O mais assombroso na história do zagueiro Serginho é poder ter visto os últimos momentos de sua vida. Chega a dar calafrios a imagem dele levantando os braços antes de desabar no gramado. Segundos estes eternizados pelo videotape, e transformados em intermináveis pela televisão. Triste.

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