terça-feira, outubro 19, 2004

 

Perversão e pureza

Uma das grandes sacadas de “Amarelo Manga” é o extraordinário poder de comunicação de suas imagens: o filme não necessitava nem mesmo de diálogos para se fazer entender, tamanha a força e a secura de suas cenas. Mas as ardentes histórias paralelas orquestradas pelo estreante Cláudio Assis carecem de um maior pique, de um mergulho mais profundo em uma sugerida claustrofobia de personagens enclausurados em si mesmos (seja pela opção sexual, por uma doença respiratória, pela idade ou pela solidão), de uma maior contundência e brilho em seu desenvolvimento. As idéias são ótimas, porém a execução como um todo deixa a desejar. Mas não deixa de ser salutar o aparecimento de um cineasta disposto a polemizar e a tratar de temas de difícil digestão fazendo cinema para o grande público, mesmo que ainda encontremos um indisfarçável ranço de pretensão em seu primeiro filme. Provavelmente, ele ainda pode dar muito o que falar – basta apenas sua arte ser tão incandescente quanto sua alma.

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