sexta-feira, novembro 12, 2004

 

Coffin Joe is God!

Mostra Zé do Caixão, em SBC...

“O Despertar da Besta – O Ritual dos Sádicos” ***
Só não é uma obra-prima indiscutível pelo prolongamento excessivo das cenas coloridas da alucinação dos personagens, que, apesar de muito bem feitas, ficam cansativas e intermináveis em um certo ponto da projeção. Quanto ao restante... chega a comover a visceralidade e a gigantesca capacidade crítica do cinema de Mojica, já se mostrando muito à frente de seu tempo no longínquo 1966. A seqüência da festa adolescente é particularmente assombrosa, pois já antecipa todo o glossário temático dos Larry Clarks da vida, que fazem hoje em dia um cinema supostamente chocante. Sem contar a espetacular seqüência inicial, que Roman Polanski não faria melhor. Um trabalho genial, que permanecerá acima da média para todo o sempre.
“Finis Hominis”***
O único filme integralmente colorido da Mostra é também o mais contido dos Mojicas exibidos. Mas a sua crítica mais ácida e direta aos costumes está nesse “Finis Hominis”, que mostra um suposto Messias andarilho modificando o pensamento e o comportamento das pessoas por onde quer que passe. O cineasta optou desta feita por um registro menos neurótico, vez por outra até psicodélico porém não menos anárquico, mas a reflexão sobre o comportamento humano e o diálogo realizador-telespectador que a fita nos proporciona é impressionante. E o final... sem comentários. Mojica considera este seu melhor filme, e ainda, que à época de seu lançamento essa foi uma obra considerada muito à frente de seu tempo. Somos obrigados, dessa vez, a discordar: é um filme que permanece, até hoje, à frente de seu tempo.

Só nos resta louvar o gênio de Mojica, que fazia seus filmes nas condições mais adversas possíveis, sem elenco, sem equipamento, sem dinheiro, passava fome, lutava contra a censura e a ditadura e, ainda assim, produziu verdadeiros tratados do cinema brasileiro.


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