quarta-feira, março 30, 2005

 

O horror, o horror...

Dois filmes vistos recentemente e que me desagradaram bastante...

"Inimigo do Estado", de Tony Scott *
Como filme de ação, é eficiente até a metade. A partir daí, o corre-corre é repetitivo e irritante, a história toma um rumo constrangedoramente diferente, o final é a carnificina redentora de sempre. O mais interessante é notar que a pretensa proposta de um discurso mais "profundo" do filme acaba minada, e até mesmo ridicularizada, pela própria montagem da obra. Quando os personagens bradam seus inconformismos perante a vigilância exacerbada perpetrada pelas autoridades e sobre suas funestas conseqüências (a tal "mensagem superior" da película), vemos a câmera de Scott se dispersar com aquilo que acontece ao seu redor: focaliza ora um gato, ora o movimento das pessoas, as ruas... tudo merece atenção, menos algo que poderia trazer mais seriedade e relevância a seu filme. Para quê isso?, ele parece nos dizer. Assim, tudo se dilui no cinema cada vez mais descerebrado e descartável do irmão de Ridley.

"Ruas de Violência", de Michael Mann *
Se não fosse pela presença sempre marcante de James Caan, mesmo interpretando um personagem errático, e por algumas demonstrações do talento à época incipiente de seu diretor, esse seria um desastre total. Vemos Mann embarcando de cabeça no cinema de ação canalha tipicamente oitentista, a do self-made man da geração yuppie transposto para o mundo do crime, aquele cara que faz justiça com as próprias mãos, e que sempre pode contar com traumas velhos ou recentes para amenizar e/ou justificar suas atrocidades. Essa premissa, por si só no mínimo discutível, encontra um realizador ainda inseguro, trazendo consigo diversos vícios televisivos, contando uma história que não flui, esticando até onde pode o fiapinho de enredo que tinha em mãos. O ponto culminante dessa peça tão equivocada é uma matança desencontrada em seu final, cortada no justo momento em que o ladrão de Caan terminou o serviço perante seus cruéis algozes, nos fazendo crer que eles tiveram o que mereceram. O triunfo absoluto da violência sem sentido transformada em diversão das mais pobres.

Comments:
Alexandre, grande Alexandre.
Desde nossa última conversa, durante a fantástica aula de assessoria, fiquei de visitar seu blog. Finalmente consegui! E olha, gostei muito dos seus textos, bem escritos e com bom conteúdo. Não consegui ler tudo, confesso, mas dei uma bisbilhotada geral e concordo em dizer que o Adriano, para o bem nacional, continua machucado.
A gente se ve.

Abraços,

Jucá

p.s Morte à chilena!!!
 
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