sexta-feira, março 18, 2005

 

Tempo bom... que não volta mais

Uma passada por alguns discos marcantes do pop brasileiro anos 80, parte 1...

“Sessão da Tarde”, Léo Jaime – Léo Jaime, além de bom compositor, sempre soube se cercar das pessoas certas. Seu disco mais famoso conta com a participação de João Penca e seus Miquinhos Amestrados e de Paula Toller, além de uma composição de Marcelo Fromer e Tony Belloto, guitarristas dos Titãs. Seu negócio era mesmo resgatar a sonoridade do rock em sua fase mais inocente, principalmente a Jovem Guarda brasileira, e acrescentar letras de duplo sentido que escancaram o que a turma de Roberto Carlos apenas sugeria. Quando envereda pelo pop puro, como em “O Regime”, os resultados não são tão satisfatórios. Mas pérolas como “A Fórmula do Amor”, “O Pobre”, “As Sete Vampiras” e “Só”, além da inacreditável versão para “So Lonely” do The Police, aqui transformada em “Solange”, garantem a diversão. E com sobras.

“Cinema Mudo” e “Selvagem?”, Paralamas do Sucesso – Os Paralamas, na verdade, eram muito mais do que uma cópia paiacã de Police e Specials. Ao incorporar também grande influência de Gilberto Gil e do reggae roots/dub jamaicano, o trio sempre primou pela busca de uma sonoridade própria dentro do pop, o que lhe valeu uma das carreiras mais uniformes de nossa música. O primeiro disco, “Cinema Mudo”, era cheio de energia juvenil, letras bobinhas, simplicidade e inocência. “Selvagem?” apresenta uma banda surpreendentemente madura, arranjos mais sofisticados, letras ora versando problemas sociais (“Alagados”), ora mais introspectivas (“O Homem”). Uma prova incontestável de que o bom gosto pode andar lado a lado com a música pop.

“Cantando no Banheiro”, Eduardo Dusek – Mesmo que Dusek seja indisfarçavelmente presunçoso, é um antropófago de vocação; um artista capaz de dialogar com total desenvoltura com vários estilos musicais, como o samba, marchinhas de carnaval, o baião, o rock, e dedicar-lhes um irresistível sabor pop, que acaba se tornando sua marca pessoal. Se faltasse talento ao cantor/compositor/pianista, tudo poderia soar como paródia desrespeitosa e arrogante. Mas, como não lhe falta habilidade, "Cantando no Banheiro" pode ser considerada uma sincera homenagem à música popular brasileira, em todas as suas vertentes. Junte a isso letras provocativas, carregadas de humor sofisticado, e temos uma verdadeira obra-prima, hoje em dia infelizmente esquecida. O disco ainda conta com a participação dos onipresentes mas sempre geniais geniais Léo Jaime e João Penca e os Miquinhos Amestrados.

Comments:
acho que Selvagem, ao lado de O Passo do Lui, é um dos grandes discos dos anos 80. bela banda Os Paralamas. depois de algumas tentativas de redefinir a música pop nos anos 90 (e eu gosto dos discos, principalmente Os Grãos), voltaram com um puta disco, Hey Na Na. Leo Jaime eu precisava reouvir. e o Dusek é legal. limitado, mas legal
 
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